segunda-feira, 17 de junho de 2013


Golpe Militar: primeiro de abril?
Como um movimento de militares que, sem comando único ou propósito definido, conspirou contra a democracia e, em menos de 24 horas, derrubou o presidente do Brasil
Sérgio Gwercman | 01/04/2004 00h00
O presidente João Goulart atendeu o telefone. Era manhã de 31 de março e ele estava no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Do outro lado da linha, falava o senador Arthur Virgílio. “Presidente, o Almino (Affonso, líder do PTB, o partido do presidente) está dizendo que há movimentação de tropas.” Goulart consultou seu chefe do Gabinete Militar, general Assis Brasil. “O Mourão deslocou as tropas em exercício militar”, respondeu o general. O presidente então voltou ao telefone. “Isso é coisa da oposição que quer tumultuar”, disse. Satisfeitos com a resposta, Virgílio e Affonso tomaram um uísque para comemorar.
Ao longo do dia, as notícias só fariam colocar água na bebida dos dois políticos. Começava a ficar claro que Mourão (o general Olympio Mourão Filho) não estava liderando simples jogos militares. Suas tropas marchavam para o Rio de Janeiro com o objetivo de derrubar o governo. Nas bancas da cidade – que apesar de não ser mais a capital, continuava sendo o termômetro das ações políticas do país e sede de seu comando militar – , o jornal Correio da Manhã dava destaque em sua primeira página para um editorial intitulado “Basta!” – nenhum brasileiro precisava de mais informações para saber que o destinatário da mensagem era o presidente. Entre os autores do texto, os jornalistas Carlos Heitor Cony e Otto Maria Carpeaux. O poder de João Goulart estava por um fio.
Entre os oficiais mais importantes do país, crescia as adesões ao movimento detonado por Mourão. E ninguém, militar ou civil, parecia seriamente disposto a pegar em armas para defender o regime. No fim da noite, Goulart mais uma vez foi chamado ao telefone. Era o general Amaury Kruel, chefe das tropas de São Paulo e Mato Grosso. Ele exigia que o presidente rompesse com a esquerda. “General, eu não abandono meus amigos”, respondeu Goulart. “Se essas são as suas convicções, eu não as examino. Ponha as tropas na rua e traia abertamente”, completou. Kruel desligou o telefone e aderiu ao levante. O dia seguinte amanheceu com cinco tanques de guerra protegendo o Palácio das Laranjeiras, com seus canhões preparados para atirar. Para quem via de fora, era um sinal de força do governo. Para quem sabia o que estava ocorrendo, representavam uma das últimas linhas de defesa de Goulart.
O general Kruel havia acabado de evidenciar a falência do poder militar da presidência. Estava arruinado o “dispositivo” montado por Assis Brasil, como ficou conhecido o sistema de nomeações e promoções que colocou aliados do governo nos cargos mais importantes das Forças Armadas. A idéia era ter as tropas ao lado do presidente em caso de um levante da direita. Não era o que estava ocorrendo.
Jango, apelido que o presidente carregava desde a infância, perdia não só apoio militar, mas também o político. Num país cada vez mais polarizado entre a direita e esquerda, Goulart desagradava os dois lados. No último mês, no entanto, era acusado de aderir aos ventos que sopravam do leste europeu. Prometia conduzir as “reformas de base”, antiga exigência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que incluía a reforma agrária e o controle das remessas de lucros das multinacionais. Com isso, perdeu o apoio da classe média e dos empresários. Também viu-se abandonado pelos militares ao tolerar a revolta da baixa patente, que colocava em xeque a hierarquia dentro das Forças Armadas.
Aos olhos da oficialidade, Goulart selou seu destino na noite de 30 de março, quando participou de um comício para suboficiais e sargentos no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. O grupo estava rebelado e contestava publicamente o comando militar. A presença do presidente num evento como esse referendava a postura dos revoltosos. Sem economizar no tom do discurso, Jango foi direto e falou sobre a possibilidade de um golpe. “Não admitirei o golpe dos reacionários. O golpe que nós desejamos é o golpe das reformas de base, tão necessárias ao nosso país. Não queremos o Congresso fechado. Queremos apenas que os congressistas sejam sensíveis às mínimas reivindicações populares”, disse.
O discurso era música para os conspiradores que preparavam a derrubada do governo, entre eles peixes graúdos como o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, marechal Castello Branco, e o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto. Não havia mais o que esperar, até porque, no momento do discurso, o general Mourão havia se rebelado em Juiz de Fora. Para eles, era preciso retirar urgentemente o país do caminho da esquerda e protegê-lo do golpe que se armava dentro do Palácio do Planalto. A cerca de um ano das eleições presidenciais, eram grandes as evidências de que o grupo de Goulart tramava uma manobra para garantir mais um mandato ao presidente, o que era proibido pela Constituição. “Se não dermos o golpe, eles o darão contra nós”, dizia o então deputado pela Guanabara Leonel Brizola.
Sem poder contar com a direita, a possibilidade de um golpe janguista minava a simpatia da esquerda. Goulart chegou a abril de 1964 contando com o apoio de seu partido, o PTB, de aliados como o PCB e pouco mais que isso. Pior: todos acreditando cegamente que o “dispositivo militar” garantia a permanência do presidente no poder. Tal crença imobilizou qualquer possibilidade de reação. Ao saber que uma greve em repúdio ao golpe militar fora convocada às pressas para o dia 1º, o líder comunista Luiz Carlos Prestes tentou interceder contra o movimento, argumentando que o governo tinha força militar para controlar os rebelados.
Não tinha e a greve geral não surtiu efeito. Na Guanabara, por exemplo, a paralisação dos serviços de transporte inviabilizou a manifestação de apoio a Goulart marcada para a Cinelândia. Sem ter como se locomover, apenas 4 mil pessoas enfrentaram a chuva forte que caía no Rio de Janeiro para ir ao local. Uma tropa do Exército, que a princípio havia sido recebida com aplausos, tratou de dispersar a multidão com tiros para o alto.
Greves e manifestações. Era tudo que a oposição ao golpe militar propunha para enfrentá-lo. Segundo o jornalista Elio Gaspari, no livro A Ditadura Envergonhada, quando teve uma proposta aberta para pegar em armas, a esquerda demonstrou falta de disposição para qualquer forma de combate que não o político. “No fim da tarde do dia 31, o chefe do Gabinete Civil, Darcy Ribeiro, convocou o deputado Marco Antônio Coelho, do PCB, para uma conversa no Palácio do Planalto.
Colocou sobre a mesa uma oferta de ceder submetralhadoras para os comunistas resistirem ao levante militar. Apresentou ainda uma lista de políticos que deveriam ser executados, incluindo os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e parlamentares”, escreveu. O PCB recusou o convite.
Pouco antes do meio-dia, Goulart recebeu, por telefone, o pedido de demissão do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro. Era mais um que aderia aos golpistas. Jango deixou o Rio de Janeiro e voou para Brasília. “Isso aqui está uma ratoeira”, afirmou para um assessor. Estava mesmo. Logo após o presidente Goulart deixar a cidade, o I Exército, que agrupava todas as tropas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, aderiu ao levante. A essa altura, as tropas rebeladas provavelmente já eram mais numerosas e estavam em melhor situação de combate do que as legalistas. Para isso, elas nem sequer precisaram participar de uma troca de tiros.
Mourão e Luiz Carlos Guedes, os dois militares que iniciaram o golpe, já não comandavam mais o movimento. Escondido num apartamento em Copacabana, o novo líder, marechal Castello Branco, “confiscou” a linha do vizinho e fez do telefone sua arma de combate. Ganhava praticamente uma nova adesão para cada chamada. Perto das 18 horas, deixou a clandestinidade e começou a circular livremente pelo Rio de Janeiro. A cidade estava dominada. Às 20 horas, ele e o general Arthur da Costa e Silva encontraram-se no quartel-general para discutir a divisão do butim de guerra, ou seja, quem comandaria o país dali para frente. Castello ficaria com a presidência. Costa e Silva, um até então desconhecido, seria o comandante do Exército. Cargo que, dali para a frente, seria cada vez mais relevante.
Na capital federal, Jango não encontrou nada que o fizesse acreditar que poderia continuar no cargo. Com o clima de fim de governo, embarcou para o Rio Grande do Sul perto das 23 horas. A viagem serviu para o Congresso Nacional considerá-lo deposto, mesmo que isso significasse passar por cima da Constituição, que declarava vago o cargo apenas quando o presidente deixasse o país. Ranieri Mazzilli, presidente do Congresso e sucessor legal de Jango, foi imediatamente empossado no Palácio do Planalto. A cerimônia começou enquanto Darcy Ribeiro ainda estava em seu gabinete e no momento em que o avião que levou Goulart pousava em Porto Alegre. Era inconstitucional, portanto. Mas isso não representou problema algum. Os tanques que guardavam o palácio presidencial pela manhã haviam deixado o local, atravessado o centro do Rio e estacionado à frente do Palácio Guanabara, dispostos a proteger o governador Carlos Lacerda, inimigo político de Jango e conspirador de primeira hora. Lacerda, ao comentar o desfecho do golpe, declarou entre lágrimas na televisão: “Obrigado, meu Deus, muito obrigado”. O Brasil estava sob nova direção.

Fonte: Guia do Estudante


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domingo, 3 de março de 2013

Globalização

Pequenos resumos que podem ajudar...

Quando falamos de globalização econômica envolve geopolítica,cultura e economia. Começou com a  2ª Guerra Mundial nos avanços tecnológicos. O desenvolvimento dos meios de transporte e nos meios de comunicação.Grandes industrias não se preocupavam apenas em exportar seus produtos, mas também em instalar em diversos países, procurando mão-de-obra mais barata. É um fenômeno típico da intensificação das transformações tecnológicas e de sua expansão por diversas regiões do globo a partir  da década de 70. Pode ser chamada também como Revolução Técnico-cientifica por conta do aumento de pesquisa das empresas, sistemas informatizados. Milton Santos afirmou que a sociedade vive num meio técnico-cientifico-informacional pois os espaços estão fortemente carregados de ciência técnica e informação.

Fluxo de informações ocorre devido ao avanço telecomunicações. A exclusão digital na África acontece por pessoas não terem acesso aos meios físicos necessários para informação.Internet, telemática vem cada vez mais revolucionando as formas  de armazenar e disseminar informações, provocar diversos efeitos significativos em diversos setores econômicos.

Fluxo de capitais envolve remessas de lucros de empresas multinacionais, empréstimos, pagamentos de juros e dividas  externas, investimentos, devido os rendimentos que vem de fora do seu país. Estão interligados á: bolsa de valores, bancos, corretoras, computadores. Transferir investimentos gera  problema, principalmente nos países emergentes, valoriza a moeda dos receptores, desvalorizando a dos emergentes. Grande retirada de capital dos países em desenvolvimento altera a taxa de  cambio (modificam ao longo do dia.

Multinacionais  --> ampliar seus mercados. Ex: Toyota (Japão)

O Estado na economia globalizada,  manter a ordem, preservar propriedade privada, resolver conflitos sociais, econômico, defender fronteiras, controlar o comércio. A partir da década de 80, nova discussão do papel do Estado --> Banco Mundial, FMI, EUA.

Ideias Neoliberais: privatizações, Estado interferisse pouco e não na economia, exploração natural  empresa privada.
- Não ser altas despezas, saúde, educação...
-Seguro desemprego, aposentadoria devem contribuir com o défict público.

Crise de 2008:

A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.
Foi esse o efeito visto em setembro do ano passado, quando o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito "subprime" (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O poder se constitui por meio da violência e da autoridade

A presença do Estado na sociedade é um fenômeno antigo, resultado de um longo processo de organização que os indivíduos estabeleceram como forma de regulação da vida social. O Estado faz parte  de um processo histórico-social que envolve  a regulação da vida em sociedade por meio da institucionalização das reações de poder entre os indivíduos. Ao longo do desenvolvimento da humanidade, o Estado adquiriu diversas formas e naturezas conforme  as relações  estabelecidas entre indivíduos e instituições e o poder.

Fonte: Dicionário de Politica.

domingo, 25 de novembro de 2012

Entenda o conflito entre Israel e Palestina


Entenda o conflito entre Israel e Palestina

Ana Prado | 23/11/2012


Artilharia israelense ataca um alvo na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, em 19 de novembro de 2012. De acordo com relatórios desse dia,  pelo menos 90 palestinos foram mortos e mais de 700 feridos. (Foto por Christopher Furlong / Getty Images)
No dia 10 de novembro, tropas israelenses iniciaram uma ofensiva contra palestinos na região da fronteira com a faixa de Gaza, em resposta a um ataque que resultou na explosão de um veículo militar israelense na região. Os ataques armados foram se intensificando e duraram mais de uma semana, resultando em na morte de 162 palestinos e cinco israelenses. A população da faixa de Gaza, de 1,7 milhão de pessoas, sofreu com bombardeios aéreos da parte de Israel e com a saraivada de foguetes disparados por militantes palestinos – que pela primeira vez atingiram as regiões de Tel Aviv e Jerusalém.
Com esforços intensos do Egito, apoiado pelos Estados Unidos, foi estabelecida uma trégua entre os dois lados. O texto do acordo prevê também que Israel diminua suas restrições ao movimento de pessoas e produtos na Faixa de Gaza, que está atualmente submetida a um bloqueio.
Os palestinos comemoraram a trégua e se consideraram vitoriosos. O líder do Hamas, no poder em Gaza, Khaled Meshaal, contou com o apoio do Irã e afirmou que a organização palestina respeitará a trégua se Israel o fizer, mas que reagirá a violações.
Alguns israelenses realizaram protestos contra o acordo e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que uma abordagem mais dura contra o Hamas pode ser necessária no futuro.

Israelenses inspecionam os danos em casa em Ofakim, Israel, atingida por um foguete disparado por militantes palestinos em 18 de novembro de 2012. (Foto por Lior Mizrahi / Getty Images)
Mudanças na situação política da região
As relações entre Israel e os palestinos sofreram, nos últimos anos, o impacto de duas mudanças externas:
A chegada do democrata Barack Obama ao governo dos Estados Unidos, em 2009, com uma retórica menos enfática de apoio a Israel. Em maio de 2011, Obama fez um pronunciamento histórico, defendendo um Estado palestino desmilitarizado ao lado de Israel, com base nas fronteiras definidas até 1967 – salvo alterações acertadas entre os dois países envolvidos. Netanyahu descartou a ideia. Disse considerar as fronteiras pré-1967 “indefensáveis”, por deixar fora de Israel os mais de 120 assentamentos na Cisjordânia, onde moram 330 mil judeus.
A Primavera Árabe, no início de 2011, que derrubou o ditador Hosni Mubarak da presidência do Egito. Mubarak era fiel aliado dos EUA e reconhecia o Estado de Israel. Já seu sucessor Mohamed Mursi é ligado aos islamitas da Irmandade Muçulmana, movimento que originou o Hamas. Mesmo assim, o presidente norte-americano Barack Obama continuou a apostar no governo egípcio como o mais bem posicionado para concluir um cessar-fogo entre israelenses e palestinos.
O conflito entre palestinos e israelenses dura mais de seis décadas. Veja um resumo dos principais momentos e aspectos:

Fonte: GUIA DO ESTUDANTE – Atualidades – 2º semestre de 2012.

Fonte: GUIA DO ESTUDANTE – Atualidades – 2º semestre de 2012.
Por que a coisa não se resolve?
Palestinos: Em abril de 2012, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, enviou uma carta ao primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, na qual reiterou as condições postas pelos palestinos para uma retomada de conversações de paz. Entre elas está a interrupção de construções nos assentamentos judaicos erguidos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental – territórios palestinos ocupados por Israel desde 1967. Quanto mais os israelenses constroem, mais distantes ficam os palestinos de ter o controle ou um estado próprio.
Israelenses: O premiê Netanyahu respondeu que não aceita nenhuma condição prévia e ainda autorizou o início de outros três assentamentos na Cisjordânia, pela primeira vez em duas décadas. Netanyahu se recusava então a prorrogar o acordo de interrupção das construções nos assentamentos judaicos, e Abbas não aceitava mais dialogar enquanto houvesse a expansão dessas colônias. Entre as populações, a tensão permanece, e os palestinos continuam vivendo em condições muito precárias.
Fonte : Gia do Estudante

"Vidas secas" - Análise da obra de Graciliano Ramos

17/09/2012 01h 35
"Vidas Secas", romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.

- Leia o resumo de Vidas Secas

A estética da seca
"Vidas Secas" é um dos maiores expoentes da segunda fase modernista, a do regionalismo. O diferencial desse livro para os demais da época é o apuro técnico do autor. Graciliano Ramos, ao explorar a temática regionalista, utiliza vários expedientes formais – discurso indireto livre, narrativa não-linear, nomes dos personagens – que confirmam literariamente a denúncia das mazelas sociais.

O livro consegue desde o título mostrar a desumanização que a seca promove nos personagens, cuja expressão verbal é tão estéril quanto o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se à miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região.

Os retirantes, como o próprio nome indica, estão alijados da possibilidade de continuar a viver no espaço que ocupavam. São, portanto, obrigados a retirar-se para outros lugares. Uma das implicações dessa vida nômade dos sertanejos é a fragmentação temporal e espacial.

Graciliano Ramos conseguiu captar essa fragmentação na estrutura de Vidas Secas ao utilizar um método de composição que rompia com a linearidade temporal, costumeira nos romances do século XIX.

A proposital falta de linearidade, ou seja, de capítulos que se ligam temporalmente, por relações de causa e de consequência, dá aos 13 capítulos de Vidas Secas uma autonomia que permite, até mesmo, a leitura de cada um de forma independente.

Narrador
A escolha do foco narrativo em terceira pessoa é emblemática, uma vez que esse é o único livro em que Graciliano Ramos utilizou tal recurso. Trata-se, na verdade, de uma necessidade da narrativa, para que fosse mantida a verossimilhança da obra. Por causa da paupérrima articulação verbal dos personagens, reflexo das adversidades naturais e sociais que os afligem, nenhum parece capacitado a assumir o posto de narrador.

O autor utilizou também o discurso indireto livre, forma híbrida em que as falas dos personagens se mesclam ao discurso do narrador em terceira pessoa. Essa foi a solução para que a voz dos marginalizados pudesse participar da narração sem que tivessem de arcar com a responsabilidade de conduzir de forma integral a narrativa. 

Espaço
A narrativa é ambientada no sertão, região marcada pelas chuvas escassas e irregulares. Essa falta de chuva – somada a uma política de descaso do governo com os investimentos sociais – transforma a paisagem em ambiente inóspito e hostil.

Inverno, na região, é o nome dado à época de chuvas, em que a esperança sertaneja floresce. O sonho de uma existência menos árida e miserável esboça-se no horizonte e dura até as chuvas cessarem e a seca retornar implacável. No romance, essa esperança aparece no capítulo “Inverno”, em que Fabiano alimenta a expectativa de uma vida melhor, mais digna.

O retorno à visão marcada pela falta de perspectivas recomeça com o fim das chuvas, com o fim da esperança. Na obra, pode-se apontar, também, para dois recortes espaciais: o ambiente rural e o urbano. A relevância desse recorte se deve às sensações de adequação ou inadequação dos personagens em um ou outro espaço.

Fabiano consegue, apesar da miséria presente, dominar o ambiente rural. Incapaz de se comunicar, o personagem, desempenhando a solitária função de vaqueiro, não sente tanto as consequências de seu laconismo. Além disso, conhece as técnicas de sua profissão, o que lhe dá uma sensação de utilidade e permite que goze até de certa dignidade. A passagem em que seu filho o admira ao vê-lo trabalhando deixa claro isso. Na cidade, porém, Fabiano vivencia, a cada nova experiência, o sentimento de inadequação. Os capítulos “Festa” e “Cadeia” ilustram bem essa sensação. 

Tempo
Além da falta de linearidade do tempo, em "Vidas Secas" há nítida valorização do tempo psicológico, em detrimento do cronológico. Essa opção do narrador de ocultar os marcadores temporais tem como principal consequência o distanciamento dos personagens da ordenação civilizada do tempo.

Dessa forma, nota-se que a ausência de uma marcação cronológica temporal serve, enquanto elemento estrutural, como mais uma forma de evidenciar a exclusão dos personagens. Por outro lado, a valorização do tempo psicológico na narrativa faz com que as angústias dos personagens fiquem mais próximas do leitor, que as percebe com muito mais intensidade. 

Comentário do Professor
A professora de Literatura do Cursinho do XI Ausonia Reda Luppi frisa que "Vidas Secas" é um romance cíclico. São 13 capítulos independentes que contam a retirada de uma família. Inicia-se com uma mudança e termina com a fuga.

A família é composta pelo pai – Fabiano – que quase não fala, não sabe que é branco e não sabe ler nem escrever. Sinhá Vitória, mulata esperta que sabia fazer contas com os grãos, Menino mais velho que queria saber ler e queria o significado da palavra Inferno. Menino mais novo, queria ser um vaqueiro como o pai. Cadela Baleia, a mais humana das personagens e um papagaio que não falava, só latia porque era o único som que escutava.

Segundo a professora, o vestibular pode cobrar a hierarquia apresentada no livro: como por exemplo, o que representa o Soldado Amarelo e a linguagem do Tomás da bolandeira, a quem Fabiano tanto admirava. Além disso, pode ser perguntado sobre o grau de miserabilidade dessa família: a cadela chegando ao nível humano e o humano descendo à condição de animal. Esta família vaga pela caatinga tentando chegar em algum lugar, mas podem estar perdidos, andando em círculo.
FONTE: Guia do Estudante

Dica da fuvest

Pode cair no vestibular hoje: Veja dicas de geografia sobre a importância ecológica dos mangues http://ow.ly/fwZ0C