segunda-feira, 17 de junho de 2013


Golpe Militar: primeiro de abril?
Como um movimento de militares que, sem comando único ou propósito definido, conspirou contra a democracia e, em menos de 24 horas, derrubou o presidente do Brasil
Sérgio Gwercman | 01/04/2004 00h00
O presidente João Goulart atendeu o telefone. Era manhã de 31 de março e ele estava no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Do outro lado da linha, falava o senador Arthur Virgílio. “Presidente, o Almino (Affonso, líder do PTB, o partido do presidente) está dizendo que há movimentação de tropas.” Goulart consultou seu chefe do Gabinete Militar, general Assis Brasil. “O Mourão deslocou as tropas em exercício militar”, respondeu o general. O presidente então voltou ao telefone. “Isso é coisa da oposição que quer tumultuar”, disse. Satisfeitos com a resposta, Virgílio e Affonso tomaram um uísque para comemorar.
Ao longo do dia, as notícias só fariam colocar água na bebida dos dois políticos. Começava a ficar claro que Mourão (o general Olympio Mourão Filho) não estava liderando simples jogos militares. Suas tropas marchavam para o Rio de Janeiro com o objetivo de derrubar o governo. Nas bancas da cidade – que apesar de não ser mais a capital, continuava sendo o termômetro das ações políticas do país e sede de seu comando militar – , o jornal Correio da Manhã dava destaque em sua primeira página para um editorial intitulado “Basta!” – nenhum brasileiro precisava de mais informações para saber que o destinatário da mensagem era o presidente. Entre os autores do texto, os jornalistas Carlos Heitor Cony e Otto Maria Carpeaux. O poder de João Goulart estava por um fio.
Entre os oficiais mais importantes do país, crescia as adesões ao movimento detonado por Mourão. E ninguém, militar ou civil, parecia seriamente disposto a pegar em armas para defender o regime. No fim da noite, Goulart mais uma vez foi chamado ao telefone. Era o general Amaury Kruel, chefe das tropas de São Paulo e Mato Grosso. Ele exigia que o presidente rompesse com a esquerda. “General, eu não abandono meus amigos”, respondeu Goulart. “Se essas são as suas convicções, eu não as examino. Ponha as tropas na rua e traia abertamente”, completou. Kruel desligou o telefone e aderiu ao levante. O dia seguinte amanheceu com cinco tanques de guerra protegendo o Palácio das Laranjeiras, com seus canhões preparados para atirar. Para quem via de fora, era um sinal de força do governo. Para quem sabia o que estava ocorrendo, representavam uma das últimas linhas de defesa de Goulart.
O general Kruel havia acabado de evidenciar a falência do poder militar da presidência. Estava arruinado o “dispositivo” montado por Assis Brasil, como ficou conhecido o sistema de nomeações e promoções que colocou aliados do governo nos cargos mais importantes das Forças Armadas. A idéia era ter as tropas ao lado do presidente em caso de um levante da direita. Não era o que estava ocorrendo.
Jango, apelido que o presidente carregava desde a infância, perdia não só apoio militar, mas também o político. Num país cada vez mais polarizado entre a direita e esquerda, Goulart desagradava os dois lados. No último mês, no entanto, era acusado de aderir aos ventos que sopravam do leste europeu. Prometia conduzir as “reformas de base”, antiga exigência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que incluía a reforma agrária e o controle das remessas de lucros das multinacionais. Com isso, perdeu o apoio da classe média e dos empresários. Também viu-se abandonado pelos militares ao tolerar a revolta da baixa patente, que colocava em xeque a hierarquia dentro das Forças Armadas.
Aos olhos da oficialidade, Goulart selou seu destino na noite de 30 de março, quando participou de um comício para suboficiais e sargentos no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. O grupo estava rebelado e contestava publicamente o comando militar. A presença do presidente num evento como esse referendava a postura dos revoltosos. Sem economizar no tom do discurso, Jango foi direto e falou sobre a possibilidade de um golpe. “Não admitirei o golpe dos reacionários. O golpe que nós desejamos é o golpe das reformas de base, tão necessárias ao nosso país. Não queremos o Congresso fechado. Queremos apenas que os congressistas sejam sensíveis às mínimas reivindicações populares”, disse.
O discurso era música para os conspiradores que preparavam a derrubada do governo, entre eles peixes graúdos como o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, marechal Castello Branco, e o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto. Não havia mais o que esperar, até porque, no momento do discurso, o general Mourão havia se rebelado em Juiz de Fora. Para eles, era preciso retirar urgentemente o país do caminho da esquerda e protegê-lo do golpe que se armava dentro do Palácio do Planalto. A cerca de um ano das eleições presidenciais, eram grandes as evidências de que o grupo de Goulart tramava uma manobra para garantir mais um mandato ao presidente, o que era proibido pela Constituição. “Se não dermos o golpe, eles o darão contra nós”, dizia o então deputado pela Guanabara Leonel Brizola.
Sem poder contar com a direita, a possibilidade de um golpe janguista minava a simpatia da esquerda. Goulart chegou a abril de 1964 contando com o apoio de seu partido, o PTB, de aliados como o PCB e pouco mais que isso. Pior: todos acreditando cegamente que o “dispositivo militar” garantia a permanência do presidente no poder. Tal crença imobilizou qualquer possibilidade de reação. Ao saber que uma greve em repúdio ao golpe militar fora convocada às pressas para o dia 1º, o líder comunista Luiz Carlos Prestes tentou interceder contra o movimento, argumentando que o governo tinha força militar para controlar os rebelados.
Não tinha e a greve geral não surtiu efeito. Na Guanabara, por exemplo, a paralisação dos serviços de transporte inviabilizou a manifestação de apoio a Goulart marcada para a Cinelândia. Sem ter como se locomover, apenas 4 mil pessoas enfrentaram a chuva forte que caía no Rio de Janeiro para ir ao local. Uma tropa do Exército, que a princípio havia sido recebida com aplausos, tratou de dispersar a multidão com tiros para o alto.
Greves e manifestações. Era tudo que a oposição ao golpe militar propunha para enfrentá-lo. Segundo o jornalista Elio Gaspari, no livro A Ditadura Envergonhada, quando teve uma proposta aberta para pegar em armas, a esquerda demonstrou falta de disposição para qualquer forma de combate que não o político. “No fim da tarde do dia 31, o chefe do Gabinete Civil, Darcy Ribeiro, convocou o deputado Marco Antônio Coelho, do PCB, para uma conversa no Palácio do Planalto.
Colocou sobre a mesa uma oferta de ceder submetralhadoras para os comunistas resistirem ao levante militar. Apresentou ainda uma lista de políticos que deveriam ser executados, incluindo os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e parlamentares”, escreveu. O PCB recusou o convite.
Pouco antes do meio-dia, Goulart recebeu, por telefone, o pedido de demissão do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro. Era mais um que aderia aos golpistas. Jango deixou o Rio de Janeiro e voou para Brasília. “Isso aqui está uma ratoeira”, afirmou para um assessor. Estava mesmo. Logo após o presidente Goulart deixar a cidade, o I Exército, que agrupava todas as tropas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, aderiu ao levante. A essa altura, as tropas rebeladas provavelmente já eram mais numerosas e estavam em melhor situação de combate do que as legalistas. Para isso, elas nem sequer precisaram participar de uma troca de tiros.
Mourão e Luiz Carlos Guedes, os dois militares que iniciaram o golpe, já não comandavam mais o movimento. Escondido num apartamento em Copacabana, o novo líder, marechal Castello Branco, “confiscou” a linha do vizinho e fez do telefone sua arma de combate. Ganhava praticamente uma nova adesão para cada chamada. Perto das 18 horas, deixou a clandestinidade e começou a circular livremente pelo Rio de Janeiro. A cidade estava dominada. Às 20 horas, ele e o general Arthur da Costa e Silva encontraram-se no quartel-general para discutir a divisão do butim de guerra, ou seja, quem comandaria o país dali para frente. Castello ficaria com a presidência. Costa e Silva, um até então desconhecido, seria o comandante do Exército. Cargo que, dali para a frente, seria cada vez mais relevante.
Na capital federal, Jango não encontrou nada que o fizesse acreditar que poderia continuar no cargo. Com o clima de fim de governo, embarcou para o Rio Grande do Sul perto das 23 horas. A viagem serviu para o Congresso Nacional considerá-lo deposto, mesmo que isso significasse passar por cima da Constituição, que declarava vago o cargo apenas quando o presidente deixasse o país. Ranieri Mazzilli, presidente do Congresso e sucessor legal de Jango, foi imediatamente empossado no Palácio do Planalto. A cerimônia começou enquanto Darcy Ribeiro ainda estava em seu gabinete e no momento em que o avião que levou Goulart pousava em Porto Alegre. Era inconstitucional, portanto. Mas isso não representou problema algum. Os tanques que guardavam o palácio presidencial pela manhã haviam deixado o local, atravessado o centro do Rio e estacionado à frente do Palácio Guanabara, dispostos a proteger o governador Carlos Lacerda, inimigo político de Jango e conspirador de primeira hora. Lacerda, ao comentar o desfecho do golpe, declarou entre lágrimas na televisão: “Obrigado, meu Deus, muito obrigado”. O Brasil estava sob nova direção.

Fonte: Guia do Estudante


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domingo, 3 de março de 2013

Globalização

Pequenos resumos que podem ajudar...

Quando falamos de globalização econômica envolve geopolítica,cultura e economia. Começou com a  2ª Guerra Mundial nos avanços tecnológicos. O desenvolvimento dos meios de transporte e nos meios de comunicação.Grandes industrias não se preocupavam apenas em exportar seus produtos, mas também em instalar em diversos países, procurando mão-de-obra mais barata. É um fenômeno típico da intensificação das transformações tecnológicas e de sua expansão por diversas regiões do globo a partir  da década de 70. Pode ser chamada também como Revolução Técnico-cientifica por conta do aumento de pesquisa das empresas, sistemas informatizados. Milton Santos afirmou que a sociedade vive num meio técnico-cientifico-informacional pois os espaços estão fortemente carregados de ciência técnica e informação.

Fluxo de informações ocorre devido ao avanço telecomunicações. A exclusão digital na África acontece por pessoas não terem acesso aos meios físicos necessários para informação.Internet, telemática vem cada vez mais revolucionando as formas  de armazenar e disseminar informações, provocar diversos efeitos significativos em diversos setores econômicos.

Fluxo de capitais envolve remessas de lucros de empresas multinacionais, empréstimos, pagamentos de juros e dividas  externas, investimentos, devido os rendimentos que vem de fora do seu país. Estão interligados á: bolsa de valores, bancos, corretoras, computadores. Transferir investimentos gera  problema, principalmente nos países emergentes, valoriza a moeda dos receptores, desvalorizando a dos emergentes. Grande retirada de capital dos países em desenvolvimento altera a taxa de  cambio (modificam ao longo do dia.

Multinacionais  --> ampliar seus mercados. Ex: Toyota (Japão)

O Estado na economia globalizada,  manter a ordem, preservar propriedade privada, resolver conflitos sociais, econômico, defender fronteiras, controlar o comércio. A partir da década de 80, nova discussão do papel do Estado --> Banco Mundial, FMI, EUA.

Ideias Neoliberais: privatizações, Estado interferisse pouco e não na economia, exploração natural  empresa privada.
- Não ser altas despezas, saúde, educação...
-Seguro desemprego, aposentadoria devem contribuir com o défict público.

Crise de 2008:

A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.
Foi esse o efeito visto em setembro do ano passado, quando o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito "subprime" (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O poder se constitui por meio da violência e da autoridade

A presença do Estado na sociedade é um fenômeno antigo, resultado de um longo processo de organização que os indivíduos estabeleceram como forma de regulação da vida social. O Estado faz parte  de um processo histórico-social que envolve  a regulação da vida em sociedade por meio da institucionalização das reações de poder entre os indivíduos. Ao longo do desenvolvimento da humanidade, o Estado adquiriu diversas formas e naturezas conforme  as relações  estabelecidas entre indivíduos e instituições e o poder.

Fonte: Dicionário de Politica.